Já parou para pensar que, enquanto você dorme, muitas espécies de animais e de outros seres vivos estão em plena atividade, trabalhando pela conservação do meio ambiente?
O fato é que perdemos a metade da história dos esforços da conservação, conhecida como “parte noturna”, enquanto dormimos. E nesse período, há uma espécie de animal que efetua a importante atividade de polinização, porém, é pouco lembrada. Ao contrário, seus hábitos são pouco conhecidos e em termos de estudos científicos, não tem a preferência para ser documentada.
Estamos falando dos morcegos, que já começam a ser reconhecidos como importantes reguladores da população de insetos em áreas florestadas, plantações de café e de cacau.
Seus serviços ambientais, se monetizados, seriam altamente valorados. Algumas das espécies de morcegos efetuam serviços únicos e que trazem benefícios à agricultura. Por exemplo, as flores da árvore Durian, encontrada no sudeste asiático, só são polinizadas pelo morcego da madrugada, Dawn bat, que tem o nome científico Eonycteris spelae. Outros morcegos consomem grandes quantidades de insetos, evitando que se tornem pragas, o que também representa economia para a indústria e a agricultura.
Além de argumentos monetários, do valor utilitário que possam ter para o ser humano ou de exigências legais, há também fatores éticos que podem despertar motivação e interesse na proteção dos morcegos. Preocupar-se com a conservação também pode ser inspirado em considerações éticas: há de se deixar a diversidade da vida biológica acessível para as gerações futuras.
Podemos não ver o trabalho de polinização e de controle de insetos feitos pelos morcegos. Mas não ver é diferente de não reconhecer. Por isto, é importante levantarmos questionamentos e reflexões como:
Têm os animais noturnos a mesma proteção que os animais diurnos?
Consideramos adotar recomendações para reduzir a poluição de luzes para a segurança de animais noturnos, como morcegos?
A tendência é negligenciar o “dark side”, o lado escuro da conservação, a proteção dos animais noturnos. Mas o céu da noite deve permanecer vivo, com morcegos fazendo seu trabalho, mesmo na época do homem, o Antropoceno.
Referência: VOIGT, Christian C.; KINGSTON, Tigga. Bats in the anthropocene: The conservation of a Nocturnal Taxon. In: Bats in the anthropocene: Conservation of bats in a changing world, Springer Open, 2016, Edições Kindle, 142-230 de 18308 posições. Tradução livre por Karina Gomes Cherubini.
Crédito da Imagem da capa (Darth Vader, de Star Wars): Pinterest. Disponível em:< https://pin.it/70DPirc>. Acesso em 03 mar. 2020