O balão nas histórias em quadrinhos tem o papel de ligar dois elementos, a palavra e a imagem (1). Todavia, mesmo antes de ler o conteúdo do balão, o leitor já tem pistas do que se passa na cena, se é um sonho, se o personagem está falando em tom de voz normal ou grita e até mesmo se utiliza algum aparelho eletrônico.
Como resume Roberto Elísio dos Santos (2), “o balão não serve apenas para acolher a ‘fala’ ou ‘pensamento’ dos personagens. Também indica o estado emocional de seu emissor“.
A alteração na linha que delimita o balão (1) aponta para diferentes situações. A ilustração abaixo (3) apresenta alguns dos tipos de balões mais usados e seu significado:
Mas há uma diversidade de balões:
- balão apêndice: quando o rabicho do balão não é direcionado ao personagem; “indica que a voz está sendo emitida por alguém que não aparece na ilustração” (1);
- balão intercalado: ligado ao balão inferior, para indicar falas e pausas de um mesmo personagem, seja no diálogo com o interlocutor na cena (1), seja como hesitação (2);
- balão trêmulo (4): apresenta-se em linhas tortas, sugere medo ou voz tenebrosa;
- e outros: balão-de-linhas-quebradas, balão-vibrado, balão-glacial, balão-uníssono, balão-zero ou ausência de balão, balão-mudo, balões-duplos, balão-sonho, balão de apêndice cortado, balões especiais, etc. (5)
O balão também sinaliza a ordem de fala dos personagens. Deve-se lembrar que a leitura dos quadrinhos no Brasil e no Ocidente é feita da esquerda para direita. Assim, o primeiro balão a ser lido é o da esquerda. Como explicam Barbosa et al (1), “os balões colocados na parte superior esquerda do quadrinho devem ser lidos antes daqueles colocados à direita e abaixo” .
Quer mais dicas para compreender melhor esse gênero textual, enquanto aguarda a 2ª edição do Ecogibi, um gibi temático sobre meio ambiente produzido pelos alunos de escolas participantes do projeto Eco Kids e Eco Teens, que será lançado em outubro? Então, consulte as seguintes obras:
- (1) BARBOSA, Alexandre. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula./BARBOSA, Alexandre, RAMOS, Paulo, VILELA, Túlio, RAMA, Angela, VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.) 2014. 4. ed. 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014 (Coleção: Como usar na sala de aula) .
- (2) SANTOS, Roberto Elísio. Leitura semiológica dos Quadrinhos. Revista Imes. Jan/jun 2002, p. 19-31. Disponível em:<
http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/viewFile/786/642 >. Acesso em: 23 abr. 2019. - (3) HEINE, Evelyn. Oficina de Quadrinhos. Portal Divertudo. Disponível em:<http://www.divertudo.com.br/ebook/e-quadrinhos.pdf >. Acesso em: 23 abr. 2019.
- (4) MACHADO, Vanessa. Os quadrinhos da Turma da Mônica: Uma reflexão sobre a imagem discursiva dos personagens principais. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011. Disponível em:<
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-0690-1.pdf >. Acesso em: 23 abr. 2019. - (5) PESSOA, Alberto Ricardo. Resenha “A leitura dos quadrinhos”: uma obra sobre a linguagem das HQs capaz de provocar o desejo de sua leitura, utilização e criação. Disponível em:
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/EL/article/viewFile/2453/2409> . Acesso em: 23 abr. 2019.
Crédito da imagem da capa: Freepik <https://br.freepik.com/vetores-gratis/pessoas-com-fala-bolhas-ilustracao_3226200.htm#index=6> Acesso em: 23 abr. 2019