Educação ambiental e seus fundamentos epistemo-metodológicos

Em seu artigo “Fundamentos epistemo-metodológicos da educação ambiental, Sônia Maria Marchiorato Carneiro, Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR), propõe a adoção de uma nova pedagogia do conhecimento a orientar as práticas de educação ambiental. Essa nova pedagogia compreende orientações teóricas, fundamentos metodológicos, abordagem de conteúdo e prática avaliativa diferenciados.

Para a autora, o embasamento teórico da educação ambiental deve ser voltado para sustentabilidade, reconstruindo “as relações entre pessoas, sociedade e meio natural, sob a ética da responsabilidade”. Isto para que possam ser avaliadas as decisões que colocam em risco as “condições básicas de sanidade ambiental e da própria vida”, tanto sob o ponto de vista da sustentabilidade, como do ponto de vista da equidade, já que não há hegemonia no progresso. A  que apoia a educação ambiental deve destacar a interligação entre redes biológicas e redes sociais, permitindo vislumbrar que perturbações significativas podem conduzir a uma nova ordem ou a um colapso das estruturas existentes.

Destaca a autora a interdisciplinariedade que deve reger o conhecimento para fins de educação ambiental.  Ao invés de visão fragmentada, nos moldes tradicionais de estudos de disciplinas sem interligação, que adjetiva como pensamento “unitarista-simplificante”, propõe “a articulação integradora de diferentes disciplinas e saberes sociais”, incluindo saberes locais, tradicionais e populares.

Como fundamentos metodológicos, propõe a autora a construção de uma nova linguagem pedagógica, que vá “além da simples identificação e descrição dos problemas” e alcance a capacidade de raciocínio sobre as múltiplas dimensões das questões socioambientais. Portanto, conduziria a raciocínios mais complexos e reflexivos, incluindo a capacidade de duvidar, de contrastar unidades e diversidades no planeta, analisando os conflitos e antagonismos consequentes.

Quanto a abordagem de conteúdos, propõe práticas educativas diferenciadas e propositivas,  que favoreçam a condutas positivas,  amparadas em valores. Exemplifica com trabalhos em equipe que estimulem cooperação, respeito, tolerância, não só entre alunos, mas também entre eles e seus professores.

Por fim, quanto à avaliação do alcance da formação e consciência ambiental,  sugere que seja uma prática contínua e tome como norte a mudança comportamental dos alunos, em suas atitudes e ações, sua capacidade de tomar decisões quanto ao meio ambiente, ainda que a partir do entorno mais imediato, tendo em vista as interações entre “educadores-alunos, entre os alunos e destes com suas famílias e comunidades”.

A autora finaliza seu artigo, destacando que “há uma responsabilidade pública, política, de fazer Educação Ambiental para a formação da cidadania ambiental, pessoal e coletiva (…)”

Referências:

CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato. Fundamentos epistemo-metodológicos da educação ambiental. Educar em Revista, n. 27, Curitiba. Jan/jun 2006. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602006000100003&script=sci_abstract&tlng=pt>: Acesso em 15 mar. 2016.

Imagem: Disponível em <http://remediosdoacaso.blogspot.com.br/2014/09/139-teoria-e-pratica.html>: Acesso em 15 mar. 2016.

 

 

 

 

 

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