O título remete a projeto idealizado em Rio Claro (SP), que busca o compartilhamento de conhecimentos e experiências acumulados pela população idosa com as novas gerações, proporcionando ao educando o contato, ainda que indireto, com o antigo meio, através de histórias e fotografias que resgatem a herança da família e sua ligação à terra.
Como explicam FUKUSHIMA e outros (2016), nessa atividade são colhidos depoimentos de pessoas idosas que vivem na comunidade e que tenham raízes antigas no bairro ou na cidade, como funcionários da prefeitura e moradores mais antigos.
Os vovôs e vovós são convidados para contar suas memórias para um grupo de participantes. Nas escolas de ensino fundamental, o relato livre pode ser complementado por um roteiro de perguntas ao convidado, incluindo dados sobre:
- a casa em que morava, como era feita, se existia quintal grande, horta, pomar;
- a escola onde estudou, o trajeto da casa à escola, as brincadeiras e jogos;
- o que havia no local antes que o bairro fosse criado;
- como eram os rios, riachos ou córregos que passavam pela cidade;
- como eram os hábitos alimentares e a conservação dos alimentos;
- como era feito o abastecimento de água (poço, diretamente do rio, etc.)
- como eram os meios de comunicação e as formas de energia;
- quais eram atividades econômicas predominantes e como se modificaram.
Contam FUKUSHIMA e outros (2016) que essa experiência também já foi desenvolvida nos Estados Unidos, quando os alunos entrevistavam seus avós e outros moradores antigos, documentando, com áudio e vídeo, atividades quase esquecidas, como técnica de plantar seguindo as fases da lua, curtir couro, fiar e tecer. Os estudantes também percorriam as comunidades rurais para aprender sobre os hábitos e para ouvir histórias dos mais velhos.
A técnica empregada na atividade é denominada “Memória Viva”, que procura conhecer os fatos ocorridos no passado, com possibilidade de recriar, reconstruir ou retratar o meio ambiente e as características da vida na cidade e no campo para, com visão crítica, associar as mudanças promovidas no decorrer dos tempos (Cetesb, 2001 apud FUKUSHIMA et al., 2016)
Como resultado, foi observado que o folclore voltou a ter destaque, foram recuperadas charadas, jogos, ritos de passagem, conhecimentos sobre o clima, medicina, arquitetura, lendas, preservação de alimentos, ferramentas e técnicas da agricultura (Cetesb, 2001 apud FUKUSHIMA et al., 2016)
Para os idosos, é uma oportunidade de contato intergeracional, integração e sentimento de contribuição para a comunidade, bem como de “reviver momentos marcantes em suas vidas”.
Fonte: FUKUSHIMA, Raiana Lídice Mór et al. A participação de idosos na educação ambiental. In: COSTA, José Luis Riani; COSTA, Amarilis M. Muscari Riani; FUZARO JUNIOR, Gilson (Orgs. ). O que vamos fazer depois do trabalho? Reflexões sobre a preparação para aposentadoria. 1ª ed., São Paulo: Editora Unesp Cultura Acadêmica, 2016, p. 125-126 [livro eletrônico].
Saiba Mais:
RIO CLARO. Lei Municipal nº 3.498, de 16 de dezembro de 2004. Institui a Política Municipal do Idoso de Rio Claro e dá outras providências. Portal de Legislação de Rio Claro. Disponível em: <https://www.rioclaro.cespro.com.br/visualizarDiploma.php?cdMunicipio=9320&cdDiploma=20043498&NroLei=3.498&Word=0&Word2=>. Acesso em: 20 nov. 2022
Crédito da Imagem da capa: Freepik. Disponível em<a href=”https://br.freepik.com/fotos-gratis/neto-de-menino-feliz-lendo-livro-com-avo-idoso-em-casa_26227039.htm#query=idoso%20contando%20hist%C3%B3rias%20para%20alunos&position=47&from_view=search&track=ais”>Imagem de Wiroj Sidhisoradej</a> no Freepik. Acesso em: 20 nov. 2022