Em 1962, a bióloga Rachel Carson lançou o livro “Primavera Silenciosa”, em que denunciava o envenenamento causado pela substância química DDT. Na época, não havia controle sobre o lançamento de inseticidas e outros derivados sintéticos no meio ambiente. Como diz Serpa(2012), “No fundo, praticamente bastava que essas substâncias sintetizadas não matassem o químico responsável”.
A publicação desencadeou um debate “sobre o uso dos pesticidas químicos, a responsabilidade da ciência e os limites do progresso tecnológico” (LEAR, 2010). A indústria química reagiu e tentou desacreditar o trabalho da autora. Segundo Lear, Rachel Carson foi chamada de “mulher histérica”, “solteirona romântica”, “amante de passarinhos e coelhinhos”. É de se destacar que, na época, não havia muitas mulheres seguindo carreira no campo da Biologia. Nesse caso, o gênero – a condição de mulher, foi explorado para difamar seu trabalho. Tanto que Carson assinava muitos de seus artigos científicos como R.L. Carson, “esperando que os leitores presumissem que o autor era homem e assim levassem seus conhecimentos científicos a sério” (LEAR, 2010).
Contudo, o livro, assim como suas obras anteriores , a exemplo de “O Mar que nos cerca” e “Beira-mar”, foi escrito para o público em geral, para “leitores de todo o mundo” (LEAR, 2010) e não para uma comunidade de cientistas. Fizeram de Carson a principal escritora de ciências nos Estados Unidos. Mesmo com o gasto da indústria química para desacreditar sua pesquisa, Rachel Carson não se deixou abater e reuniu forças para testemunhar os efeitos dos “biocidas” na água, no solo, nos seres vivos.
Até que o livro chamou a atenção do presidente John Kennedy. Foram iniciadas investigações a respeito da validade das afirmações da autora sobre o envenenamento por meio de pulverizações do pesticida DDT. Surgiram as primeiras leis ambientais. Alguns anos após a morte de Rachel Carson, em 1964, por câncer de mama, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei de Política Nacional Ambiental (National Environmental Policy Act – NEPA). Também foi criada a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency–EPA). O uso de DDT foi proibido nos Estados Unidos em 1972.
Segundo Serpa (2012), Al Gore, vice-presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001, tinha em sua sala, na Casa Branca, somente um quadro de personalidade pendurado na parede, justamente a foto de Rachel Carlson, a quem apontava como influência por seu interesse na defesa do meio ambiente. Rachel Carson foi listada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do século XX e sua obra, Primavera Silenciosa, é apresentada como “o livro mais influente dos últimos 50 anos naquele país e no mundo” (SALLUM, 2012).
Para saber mais sobre Rachel Carson, a bióloga que enfrentou, com seu livro Primavera Silenciosa, a poderosa indústria química de sua época, leia também:
LEAR, Linda. Introdução, p. 11-19. In: Carson, Rachel. Primavera Silenciosa, 1. ed. São Paulo : Editora Gaia, 2010, 327 p.
SALLUM, Alexandre. A primavera silenciosa de Rachel Carson. Revista Ecológico, 14 fev. 2012. Disponível em http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?id=42&secao=536&mat=565. Acesso em 24 nov. 2016.
SERPA, Flávio de Carvalho. Primavera Silenciosa. Como a bióloga marinha Rachel Carson despertou a consciência ambiental planetária. Planeta Sustentável, 06 nov. 2012. Disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/livro-primavera-silenciosa-rachel-carson-ed-gaia-700826.shtml?func=2. Acesso em 24 nov. 2016.