Trilhas em educação ambiental: ferramentas para vivências ambientais

As trilhas permitem o desenvolvimento da educação ambiental formal e não informal. Estão presentes em programas educativos para uso público, nas mais diversas categorias de unidades de conservação (SANTOS, FLORES, ZANIN, 2011). Servem para contato mais direto com o ambiente natural ou construído e para a percepção do ser humano como integrante e responsável por esse ambiente. São reconhecidas como ” ferramenta a favor da conservação e restauração por permitirem o contato do homem com a natureza e a conscientização da necessidade de conservar” (ESEINLOHR et al, 2013).

No caso da educação formal, possibilitam experiência extraclasse, descobertas e redescobertas do contato com a natureza e a cultura ( ZABENDZALA et al, 2017 ), como leis naturais, interações, funcionamentos, história ou os fatos que não são comumente percebidos (MENGHINI, GUERRA, 2008). Vão muito além do mero repasse de informações, pois envolvem  valores, sentimentos e cuidados para com o espaço visitado (MENGHINI, GUERRA, 2008)

Podem ser guiadas ou autoguiadas. Nas primeiras, conta-se com o acompanhamento de um  intérprete treinado, “que acompanha os visitantes na caminhada, levando-os a observar, sentir, experimentar, questionar e descobrir os fatos relacionados ao tema estabelecido” (VASCONCELLOS, 1998). Já nas trilhas autoguiadas, não há o acompanhamento do guia e o visitante efetua o trajeto auxiliado por pontos de parada marcados, placas, painéis ou por folhetos (VASCONCELLOS, 1998).

Para as trilhas funcionarem como “salas de aula e laboratórios ao ar livre” (ESPÍRITO SANTO, 2017), recomenda-se planejamento, que inclui:

  • para trilha autoguiada, visita prévia do educador ao local, como base para a definição dos conteúdos a serem abordados durante a execução da atividade. No caso de trilha guiada, mesmo com a presença do guia, o professor/educador pode contribuir com diversos conteúdos teóricos ao longo do caminho.
  • agendamento prévio com a administração do local a ser visitado;
  • conhecimento mínimo das características do grupo-alvo (ESPÍRITO SANTO, 2017),  como sexo, idade, escolaridade, tempo de permanência no local, informações que auxiliam a conhecer e prever o  comportamento dos usuários nas trilhas (ESEINLOHR ET AL, 2013);
  • verificar a adequação da trilha e de sua capacidade de carga, ou seja, o número de visitas a um determinado local por unidade de tempo (CIFUENTES, apud ESEINLOHR et al, 2013) . É bom destacar que nem todas as trilhas mostram-se ideais para a prática da educação ambiental com todo o tipo de público.
  • pré-palestras conceituais, com orientações gerais para a caminhada e preparação de material de apoio, como roteiros, folders explicativos (ESPÍRITO SANTO, 2017), situação também indicada como pré-trilha ( ZABENDZALA et al, 2017 ).

Apesar dos aspectos positivos, as trilhas “também constituem uma fonte de distúrbio” (ESEINLOHR et al, 2013), já que a vegetação e o ambiente físico próximos são influenciados pelo pisoteio de pessoas ou animais utilizados,  ou pela rodagem de veículos, fatores que ocasionam compactação do solo (ESEINLOHR et al, 2013). De mesmo modo, excesso de conversas paralelas e timbre de voz elevado podem afastar a fauna. Isto sem deixar de mencionar os resíduos (lixo) deixados pelos visitantes (MENGUINI, GUERRA, 2008). Todos esses aspectos devem ser considerados e trabalhados previamente para que a trilha permita a vivência ambiental, com o menor impacto para o local visitado.

Referências:

CARREIRA, Rosa Cristina. Trilhas interpretativas em EA. Práticas educativas em educação ambiental. Senac, 2014.

ESEINLOHR ET AL. Trilhas e seu papel ecológico: o que temos aprendido e quais as perspectivas para a restauração de ecossistemas?Hoehnea 40(3): 407-418, 1 tab., 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hoehnea/v40n3/02.pdf>. Acesso em 03 maio 2017.

ESPÍRITO SANTO, Ariadne Peres do. Trilhas ecológicas interpretativas. Disponível em:<files.abordandoapercepcaobotanica.webnode.com/…/trilhas%20eco…>. Acesso em 03 maio 2017.

MENGHINI, Fernanda Barbosa .GUERRA, Antonio Fernando Silveira . Trilhas interpretativas: caminhos para a educação ambiental.  VII Seminário de Pesquisas em Educação da Região Sul. Itajaí, 2008.  Disponível em:<http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2008/Educacao_ambiental/Trabalho/05_08_12_Trilhas_interpretativas__caminhos_para_a_educacao_ambiental.pdf>. Acesso em 03 maio 2017.

SANTOS, Mariane Cyrino dos, FLORES, Mônica Dutra, ZANIN, Elisabete Maria. Trilhas Interpretativas como Instrumento de Interpretação, sensibilização e educação ambiental na APAE de Erechim/RS. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI . Vol.7, N.13: p.189-197, Out. 2011. Disponível em: <http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_013/artigos/artigos_vivencias_13/n13_21.pdf. Acesso em 03 maio 2017.

VASCONCELLOS, Jane Maria de Oliveira. Avaliação da visitação pública e da eficiência de diferentes tipos de trilhas interpretativas no Parque Estadual  Pico do Morumbi e Reserva Natural Salto Morato – PR. 1998, 163f.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Curso de Pós-Graduaçâo em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias. Curitiba.  Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/25417/T%20-%20VASCONCELLOS%2C%20JANE%20MARIA%20DE%20OLIVEIRA.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 03 maio 2017.

ZABENDZALA, Carol Zabendzala et al.  Conservação da Caatinga: Vivências ao ar livre no Olho D´Água da Bica, Cuité-PB.  I Congresso Internacional da Diversidade do Semiárido. 2016? Disponível em:< http://www.editorarealize.com.br/revistas/conidis/trabalhos/TRABALHO_EV064_MD1_SA14_ID2058_22102016221723.pdf>. Acesso em 03 maio 2017.

Imagens: Trilha em Mucugê(BA) por alunos do Mestrado em Ciências Ambientais da UESB, disciplina de Conservação de Recursos Naturais, 2017. Relembre aqui.

 

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