Uma das características das histórias em quadrinhos é a divisão das cenas em unidades menores, denominadas quadrinhos ou vinhetas. A vinheta ou cada quadrinho é “a menor unidade na contação de uma HQ. Nela, cabe uma cena” (FARIA, 2011).
"A vinheta é a unidade mínima de significação da história em quadrinho, de um espaço e de um tempo, na construçao da história. Quando duas ou mais vinhetas se articulam, podemos dizer que existe uma sequência da narrativa. As vinhetas se entrelaçam na história, para mostrar momentos significativos desta".
Como explicam Ramos et al, “o quadrinho ou vinheta constitui a representação, por meio de uma imagem fixa, de um instante específico ou de uma sequência interligada de instantes, que são essenciais para a compreensão de uma determinada ação ou acontecimento“
Ramos et al apresentam vantagens dos quadrinhos sobre outros gêneros textuais que, assim como as HQs, fazem uso de imagem. Para eles, um quadrinho se diferencia de uma fotografia. Enquanto esta capta apenas um instante, dentro de um mesmo quadrinho podem estar expressos vários momentos de ação. Faria (2011), no mesmo sentido, entende que o quadrinho apresenta esta vantagem até mesmo em relação a uma cena de filme.
Os mosaicos de quadrinhos podem ser variados: um único quadro, vários quadrinhos, cortes na diagonal, cortes na vertical, etc. Como explica Faria (2011), a “moldura não precisa ser quatro linhas retas“. Não precisa ser, como tranquilizam Ramos et al, “uma gaiola da qual nada escape“.
Além das variações nos formatos, cabem também variações de tamanho. O objetivo é dar maior dinamicidade à leitura, afastando a monotonia (RAMOS et al, 2014).
(Crédito: https://blogdosarteiros.wordpress.com/2016/06/27/como-sao-as-hq-arte-sequencial/)
As linhas demarcatórias dos quadrinhos participam da história, em função metalínguistica, como explicam Ramos et al:
- linhas contínuas ou sólidas: indicam que a ação retratada ocorre num momento real, presente.
- linhas pontilhadas ou em forma de nuvem: indicam que a ação ocorre no passado, num sonho ou devaneio do personagem.
- Linhas demarcatórias omitidas: são recursos utilizados pelo criador dos quadrinhos, já que a imaginação do leitor cria a moldura ao redor da imagem, de forma automática.
Imagem: Calvin e Haroldo
O autor dos quadrinhos pode utilizar-se da estratégia de fazer os cenários e personagens vazarem ou sangrarem pela moldura, como a tentar um contato com o mundo real (FARIA, 2011). A cena poderá extrapolar, transpassar, propositadamente, aos contornos do quadrinhos e até ocorrer fora dele (RAMOS et al, 2014, l. 496)
Tais possibilidades são escolhas do autor dos quadrinhos, mas devem ser feitas com intencionalidade, para não criar dificuldades na leitura e compreensão da história.
Referências:
BARBOSA, Alexandre. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula./BARBOSA, Alexandre, RAMOS, Paulo, VILELA, Túlio, RAMA, Angela, VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.) 2014. 4. ed. 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014 (Coleção: Como usar na sala de aula) . Edições Kindle, 1901 locais.
FARIA, Rogério. O quadrinho nos quadrinhos. Blog Criando HQ, 14 dez. 2011. Disponível em:<http://criandohqs.blogspot.com/2011/12/o-quadrinho-nos-quadrinhos.html>. Acesso em: 02 jun. 2019.
VINHETA – Conceito, o que é, Significado. Disponível em:<https://conceitos.com/vinheta/>. Acesso em: 02 jun. 2019.
VINHETA – Conceito. Disponível em:<Brainly.com.br – https://brainly.com.br/tarefa/9161113>Acesso em: 02 jun. 2019.