Minamata: História de envenenamento de uma cidade

William Eugene Smith ( 1918-78) é considerado um dos principais representantes do moderno fotojornalimo.  Um de seu trabalhos mais famosos leva o título Tomoko Uemura in Her Bath, (Tomoko Uemura em seu banho), fotografia tirada em dezembro de 1971 e publicada em 1972, no livro “Minamata: The Story of the Poisoning of a City (Minamata: História de envenenamento de uma cidade) e na revista Life.

A foto chamou atenção do mundo para os efeitos do lançamento de mercúrio no oceano pela companhia Chisso, na cidade de Minamata, no Japão. Segundo matéria da WWF, na primeira metade do século passado, no Japão, habitantes da cidade de Minamata apresentaram sintomas como fortes convulsões, surtos de psicose, perda de consciência e febre. As vítimas haviam consumido peixes pescados na Baía de Minamata, onde uma empresa de produção de PVC, que usava mercúrio na fabricação, descartava os resíduos do processo. Em 1956, a origem da doença de Minamata foi esclarecida. Cerca de 5.000 pessoas foram atingidas. Além das vítimas que ficaram com sequelas graves, estima-se que o número de mortos tenha chegado a 900 pessoas. Minamata ficou conhecido como um dos maiores desastres ambientais do planeta.

Na fotografia em preto e branco, está Tomoko Uemara, amparada por sua mãe. Segundo o histórico da imagem, Tomoko foi uma das vítimas de envenenamento por mercúrio, que a deixou cega e sem movimento nas pernas, entre outras sequelas. O fotógrafo obteve a permissão da genitora para a foto, checou a luz do ambiente de banho, que vinha de uma janela escurecida e elegeu 15h como o melhor horário para a foto, momento em que efetuou o registro fotográfico.

O fotógrafo viveu três anos em Minamata e percebeu a necessidade de uma fotografia que se tornasse um símbolo do escândalo do envenenamento por mercúrio naquele vilarejo.

Sobre fotografia e sua importância, Smith assim se expressou:

A fotografia é uma voz pequena, na melhor das hipóteses, mas algumas vezes – apenas algumas vezes – uma fotografia ou um grupo delas pode atrair nossos sentidos para a consciência. Muito depende do espectador; em alguns, as fotografias podem evocar emoções suficientes para serem um catalisador do pensamento. Alguém – ou talvez muitos – entre nós podem ser influenciados a acatar a razão, a encontrar uma maneira de corrigir aquilo que é errado, e pode até procurar uma cura para uma doença. O resto de nós talvez possa sentir um maior senso de compreensão e compaixão por aqueles cujas vidas são estranhas às nossas. A fotografia é uma voz pequena. Eu acredito nisso. Se for bem concebido, às vezes funciona.

Fonte: Minamata: The Story of the Poisoning of a City. Documenting Medicine at Duke University .Disponível em:<
http://www.documentingmedicine.com/minamata-the-story-of-the-poisoning-of-a-city/> . Acesso em: 15 abr. 2019 (tradução livre)


Tomoko Uemura in Her Bath . Disponível em:< https://en.wikipedia.org/wiki/Tomoko_Uemura_in_Her_Bath#cite_note-Maddow-1>. Acesso em: 15 abr. 2019 (tradução livre)

Para saber mais sobre o desastre ambiental em Minamata e sobre o uso de mercúrio no Brasil, veja : Convenção de Minamata sobre mercúrio: os desafios da implementação. Disponível em:
https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/politicaspublicas/convencao_minata/ . Acesso em: 15 abr. 2019.

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