Biodiversidade foi um termo cunhado por Walter G. Rosen aos idos de 1986, com forma contraída da expressão diversidade biológica e utilizado como título do Fórum Nacional da Biodiversidade (National Forum on BioDiversity), realizado em Washington, no período de 21 a 24 de setembro de 1986.
Decorrente desse fórum, em 1988 foi publicado um livro com o nome Biodiversity, organizado por Edward Wilson,com coletânea de artigos de autoria de 60 das maiores autoridades internacionais no assunto, presentes ao evento, marcando o termo biodiversidade na literatura científica (FRANCO,2013, p.24; 25).
Segundo Gaston (2010, p. 27), biodiversidade ou diversidade biológica é a variedade de vida em todas suas manifestações. Para o autor, há blocos de diversidade, que incluem a diversidade nas espécies ou genéticas, entre as espécies (organismal) e nos ecossistemas (ecological). Esses três níveis são tratados na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) (FRANCO, 2013 p. 26). Fala-se também da variação da biodiversidade por comparação no tempo e no espaço.
A diversidade ecológica ou de ecossistemas compreende as diferenças em função da biogeografia, biomas, províncias, ecorregiões, ecossistemas e habitats. É a dimensão da biodiversidade mais aparente, mas também menos satisfatória, pois é difícil distinguir onde começam ou terminam cada um desses marcos (GASTON, 2010, p.31 )
A diversidade genética compreende os componentes do código genético que estrutura os organismos, quais sejam cronomossomos, genes e nucleotídeos (GASTON, 2010, p. 28).
Por fim, a diferença entre as espécies ou de organismos (organismal diversity) compreende a hierarquia taxonomica e seus componentes. São observadas em domínios ou reinos, filo, famílias, gênero, espécies, subespécies, população e indivíduos. É a diversidade mais documentada. No entanto, há muitos organismos que não são conhecidos e a contagem pode ser afetada pelo uso de sinônimos, quando organismos da mesma espécie são conhecidos por mais de um nome ou quando um único nome engloba espécies muito próximas ou similares, situação apontada por Gaston (2010, p. 30) como homonímia.
Um estudo produzido pelo Censo de Vida Marinha apontou que, da estimativa de 8,7 milhões de espécies, 6,5 milhões vivem em terra e 2,5 milhões, no mar (TERRA…,2011).
Em relação à latitude, a riqueza de espécies dá-se em direção a baixas latitudes tropicais, sendo que o pico da diversidade parecer ser um pouco mais ao norte do Equador e declinar vagarosamente do Equador para as regiões ao sul (GASTON, 2010, p. 38). Quanto maior a latitude, menor o número de espécies, diante de fatores como disponibilidade energética e mudanças climáticas, efeito conhecido como Rapoport (BARBIERI, 2010, p. 14). O declínio na riqueza de espécies com o aumento da altitude é largamente aceito como um padrão (RAHBEK apud SIQUEIRA; ROCHA, 2013, P. 284). Em relação à altitude e profundidade, a riqueza das espécies tende a ser menor na mais extrema elevação ou profundidade, ou seja quanto mais alto ou mais profundo, menos biodiverso (GASTON, 2010, p. 37). Ressalta Gaston (2010, p. 39) , entretanto, que os conhecimento sobre esses conjuntos são insuficientes, inclusive pela escassez de amostras.
Em síntese,
“Biodiversidade (ou diversidade biológica) é a soma de todas as espécies de organismos, a variabilidade de genes, a diversidade de ecossistemas e as complexas interações ecológicas que existem entre elas. A riqueza de espécies está concentrada nas regiões tropicais, sendo a Amazônia o local com maior biodiversidade do planeta, abrigando cerca de 10% de todas as espécies existentes na Terra” (O QUE É …, 2010)
Segundo Sakar (apud FRANCO, 2013, p. 25), até 1993, não era comum o aparecimento da palavra biodiversidade como palavra-chave nos “abstracts” (resumos) de revistas da área de biologia.
No ano de 2006, o termo biodiversidade ainda não era utilizado espontaneamente pelos brasileiros, segundo pesquisa nacional de opinião coordenada pela cientista social Samyra Crespo, com o acompanhamento do Ministério do Meio Ambiente e realizada pelo Instituto Vox Populis e Instituto de Estudos da Religião (ISER).
Segundo a pesquisa, mais da metade (56%) dos entrevistados não ouvira falar do conceito. Outros, no percentual de 43% dos entrevistados, conheciam o conceito, quando apresentados a ele e indicavam como seus componentes “plantas, os animais, a floresta” (BRASIL, 2006, p. 42). Apenas 9% dos entrevistados mencionaram explicitamente o conceito, referindo-o como diversidade na fauna e na flora e vantagem comparativa para o Brasil em relação aos outros países, frente ao meio ambiente.
Para os coordenadores da pesquisa, entretanto, apesar dos resultados junto aos entrevistados, o termo já seria de uso corriqueiro no meio técnico oficial, na mídia ou no ambiente acadêmico (BRASIL, 2006).
A pesquisa também revelou que os entrevistados concordavam em agir para a solução de problemas ambientais de seu bairro e com atitudes diárias desde que não envolvesse dinheiro. Não mais de 10% dos entrevistados concordavam em pagar mais caro por eletrodomésticos que consumissem menos energia e somente 7% concordavam em pagar impostos/taxas por despoluição de rios, por exemplo. No entanto, trabalhar como voluntário, tornar-se membro de uma entidade ecológica, participar de reuniões e de mutirões, assinar abaixo-assinado (BRASIL, 2006, p.52), assim como proceder à separação de lixo, redução de consumo de água e energia elétrica foram as atitudes cotidianas pelo meio ambiente que lideraram a referida pesquisa de opinião (BRASIL, 2006, p. 27).
O Município de Barra do Choça (BA) não integrou a pesquisa, já que neste Estado foram colhidas amostras nos municípios de Camaçari, Euclides da Cunha, Macarani, Riachão das Neves e Salvador (BRASIL, 2006).
Porém, a 5ª edição do jornal Eco Teens, lançada no dia 22 de setembro de 2017, trouxe como tema “Biodiversidade”. Em reunião realizada no dia 02 de agosto com o Conselho Editorial do projeto Eco Kids e Eco Teens em Barra do Choça, de que fazem parte Ministério Público da Bahia, Secretarias Municipais de Educação e Meio Ambiente, Conselhos Municipais de Meio Ambiente e Fundeb e Assessoria de Comunicação Municipal, a direção do Centro Educacional Jorge Delano, responsável pela edição, externou não ter obtido muitos dados sobre a biodiversidade no município e que quando localizados, referiam-se mais à flora do que à fauna. Pelo presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Valter Felix, foi feita a solicitação de convite ao meio acadêmico para realização de pesquisas em Barra do Choça, para aprofundamento sobre a biodiversidade nesse município.
Diante da importância, ficam aqui os convites, tanto à pesquisa, como leitura da 5ª edição do jornal Eco Teens de Barra do Choça (BA), disponível na aba edições publicadas ou link https://ecokidsecoteens.mpba.mp.br/wp-content/uploads/2015/07/5-edicao-centro-educacional-professor-jorge-delano-2017.pdf
Referências:
BARBIERI, Edison. Biodiversidade: a variedade de vida no planeta Terra. São Paulo, 2010. Disponível em:<http://www.pesca.sp.gov.br/biodiversidade.pdf>. Acesso em 12 set. 2017.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. O que os brasileiros pensam sobre a biodiversidade. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_chm_rbbio/_arquivos/O%20que%20os%20brasileiros%20pensam%20sobre%20a%20biodiversidade.pdf>. Acesso em 10 set. 2017.
CHERUBINI, Karina. Barra do Choça: Marcado o lançamento da 5ª edição do Jornal Eco Teens. Eco Kids Eco Teens, 6 ago. 2017. Disponível em: <https://ecokidsecoteens.mpba.mp.br/barra-do-choca-marcado-o-lancamento-da-5a-edicao-do-jornal-eco-teens/>. Acesso em 11 set. 2017.
FRANCO, José Luiz de Andrade. O conceito de biodiversidade e a história da biologia da conservação: da preservação da
wilderness à conservação da biodiversidade. História (São Paulo) v.32, n.2, p. 21-48, jul./dez. 2013 ISSN 1980-4369 . p-21-48. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/his/v32n2/a03v32n2.pdf>. Acesso em 10 set. 2017.
GASTON, Kevin J. Biodiversity. p. 27. In: SODHI, Navjot S. EHRLICH, Paul R. Conservation Biology for All. Oxford, 2010, Cap. 2, p. 27-44
O QUE É Biodiversidade? Prêmio Marcio Ayres para Jovens Naturalistas. Belém, 2010. Disponível em: <http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=10>. Acesso em 12 set. 2017.
SIQUEIRA, Carla da Costa. ROCHA, Carlos Frederico Duarte. Gradientes Altitudinais: Conceitos e Implicações sobre a Biologia, a distribuição e a conservação dos anfíbios anuros. Oecologia Australis, 17(2): 282-302, Junho 2013. Disponível em: <http://www.oecologiaaustralis.org/ojs/index.php/oa/article/view/758/913>. Acesso em 12 set. 2017.
TERRA tem mais de 8 milhões de espécies, diz estudo. Revista Época, 24 ago. 2011. Disponível em:<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI259916-15224,00-TERRA+TEM+MAIS+DE+MILHOES+DE+ESPECIES+DIZ+ESTUDO.html. Acesso em 12 set. 2017.